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quinta-feira, 15 de setembro de 2011

O ARCANO XIII - A MORTE

Esta carta, comumente designada como “Morte”, não tem nome algum inscrito no tarô de Marselha ou em suas variantes mais próximas. Um esqueleto revestido por uma espécie de pele tem uma foice nas mãos. Do chão negro brotam plantas azuis e amarelas, e diversos restos humanos. O fundo não está colorido.
No primeiro plano, à esquerda, uma cabeça de mulher; à direita, uma cabeça de homem com uma coroa. 
Um pé e uma mão aparecem também no chão; outras duas mãos – uma mostrando a palma e outra as costas – brotam atrás, ultrapassando a linha do horizonte. 
O esqueleto está representado de perfil e parece dirigir-se para a direita. Maneja a foice, sobre a qual apóia as duas mãos. Em algumas variantes, seu pé direito não está visível.
ara o iniciante, mostra-se como a carta mais temível, mas os estudos simbólicos ajudam a entender um outro sentido no plano da evolução humana.


Significados simbólicos
Grandes transmutações e novos espaços de realização.
Dominação e força. Renascimento, criação e destruição.
Fatalidade irredutível. Fim necessário.


Interpretações usuais na cartomancia
Fim de uma fase. Abandono de velhos hábitos.
Profundidade, penetração intelectual, pensar metafísico. Discernimento severo, sabedoria drástica. Resignação, estoicismo, dom para enfrentar situações difíceis. Indiferença, desapego, desilusão.
Mental: Renovação de idéias, total ou parcial, porque algo vai intervir e tudo transformar; como um fenômeno catalisador ou um corpo novo que modifica totalmente a ação do corpo atual.
Emocional: Afastamento, dispersão. Destruição de um sentimento, de uma esperança.
Físico: Morte, perdas, imobilidade. Completa transformação nos negócios ou atividades.
Sentido negativo: Do ponto de vista da saúde, estagnação de enfermidade ou processo. A morte poderá ser evitada, mas em troca de uma lesão incurável. Segundo sua posição, pode significar a morte, em seus múltiplos matizes, mas também maus acontecimentos, más notícias.
Prazo fatal. Xeque-mate inevitável, mas não provocado pela vítima.
Ânimo baixo, pessimismo, perda de coragem.  Interrupção de um processo para começar de modo diametralmente oposto.


História e iconografia da Carta:
E provável que a alegoria da morte representada como um esqueleto com a foice, seja original do Tarô; se isto for verdade, trata-se de uma das contribuições fundamentais feitas pelas cartas à iconografia contemporânea, considerando a ampla popularidade desta metáfora macabra.
Van Rijneberk divide o estudo deste arcano em três aspectos: o número treze, oesqueleto, a foice. Como emissário de uma premonição sombria, o treze tem seu antecedente cristão nos comensais da Última Ceia, de onde a tradição extraiu um conto bastante popular da Idade Média: quando treze pessoas se sentam à mesa, uma delas morrerá em breve.
Esta superstição seria herdeira de outras versões mais antigas: Diodoro da Sicília, contemporâneo do imperador Augusto, explica desse modo a morte de Filipe da Macedônia, cuja estátua havia sido colocada junto as dos 12 deuses principais, dias antes de ser assassinado. 
Simbolicamente, o 13 é a unidade superadora do dodecadenário, ou seja, a morte necessária de um ciclo completo, que implica também – ainda que este aspecto tenha sido esquecido na transmissão popular – a idéia conseqüente de renascimento.
Na arte cristã primitiva não há traços deste simbolismo durante os primeiros séculos, o que não parece estranho se considerarmos as idéias centrais dos catecúmenos: a morte entendida como pórtico de uma vida melhor, a confiança na
proximidade do Juízo Final (e a conseqüente ressurreição da carne); a absoluta falta de medo frente a um estado transitório.
O esqueleto propriamente dito só aparece em todo o seu esplendor nas Danças da morte, disseminadas pelos cemitérios e claustros europeus, quase que simultaneamente, e com certeza não antes do séc. XV.
O esqueleto propriamente dito só aparece em todo o seu esplendor nas Danças da morte, disseminadas pelos cemitérios e claustros europeus, quase que simultaneamente, e com certeza não antes do séc. XV.
O tema das composições desse período mostra-se idêntico em todos os lugares: o esqueleto se apodera (o matiz está apenas no grau de violência ou gentileza) de criaturas humanas de ambos os sexos, de qualquer idade e condição.
Outro elemento que as Danças da morte têm em comum é que todas são posteriores ao Tarô, de cuja popularidade puderam extrair o encanto de suas imagens.
Nestas danças, no entanto, não há esqueletos com foices, mas sim com diversos objetos (uma espada, um arado, um par de tesouras, um arco e flechas) que se referem em geral ao ofício da pessoa que será levada pela morte. 
Em Joel (4,13), Mateus (13,39), Marcos (4,29) e no Apocalipse (14,14-20) podem ser encontradas metáforas bíblicas em que se fala da foice como instrumento de justiça empunhado por Jeová, pelo Filho do Homem e, mais tarde, pelos anjos: como derivação deste princípio moral. 
Os esotéricos não vêem a morte como falha ou imperfeição: as formas se dissolvem, variam de aparência quando se tornam incapazes de servir ao seu destino. Desse modo, entre o Imperadore a Morte (primeiros termos do segundo e do quinto ternário, respectivamente), há apenas uma diferença de matizes: ao esplendor máximo do poder e da matéria sucede sua extinção, que é uma conseqüência lógica e também uma necessidade. Como parábola do processo iniciático em oposição à vida corrente, é talvez o arcano mais explícito: “O profano deve morrer – lembra Wirth – para que renasça a vida superior que a Iniciação concede”.
A morte guarda relações simbólicas com a terra, com os quatro elementos, e com a gama de cores que vai do negro ao verde, passando pelos matizes terrosos. Também é associada ao esterco, menos pelo que este tem de desagradável do que pelo processo de transmutação material que representa.



Conto:
Era uma vez, conta a história, um rapaz que vivia em Isfahan como criado de um rico mercador. Uma bela manhã, despreocupado e com a bolsa cheia de moedas retiradas dos cofres do mercador para comprar carne, frutas e vinho, ele cavalgou até o mercado; aí chegando, deparou-se com a Morte, que lhe fez um sinal como que para dizer alguma coisa. Aterrorizado, o rapaz fez o cavalo dar meia-volta e fugiu a galope, pegando a estrada que levava a Samara. 
Ao anoitecer, sujo e exausto, chegou a uma estalagem dessa cidade e, com o dinheiro do mercador, alugou um quarto. Nele entrando, prostrou-se na cama, entre fatigado e aliviado, pois lhe parecia ter conseguido lograr a Morte. No meio da noite, porém, ouviu baterem à porta, e no umbral ele viu a Morte parada, de pé, sorrindo amavelmente. "Por que você está aqui?", perguntou o moço, pálido e trêmulo. "Mas eu a vi esta manhã na feira, você estava em Isfahan". E a Morte respondeu: "Ora, eu vim buscá-lo, conforme está escrito. Pois quando o encontrei esta manhã na feira, em Isfahan, tentei lhe dizer que nós tínhamos um encontro esta noite em Samara. Mas você não me deixou falar e simplesmente fugiu em disparada."
(Citado segundo: Liz Grene, Schicksal und Astrologie (A Astrologia do Destino).


9 comentários:

RUTE disse...

Oi Sun!
Querida, ainda não li seu post.
Vim apenas falar pra você não se preocupar pois nós as 3 da organização já a incluimos na lista de participações. Não precisa de fazer mais nada. Só esperar pelas visitas e visitar as outras participações (se quiser).
Daqui a 10 minutos tenho a lista publicada.
Beijo grandão e meus agradecimentos por ter acedido a meu pedido com tanto carinho.
Rute

Roselia Bezerra disse...

Querida Sun
"...um ramo de jasmins todo orvalhado"...
(Amara)

Seja bem vinda!!!
A gente anda numa correria louca e se esquece o quão efêmera é a vida... ela ainda tem a gentileza de querer nos alertar dos perigos que nos ronda o mal cuidado para conosco mesmo mas até disso fugimos... nem ligamos para os acenos do corpo, mente e coração...
Perfeito conto!!!

Seja feliz e abençaoda!!!

"Simpatia são dois galhos
Banhados de bons orvalhos"...
(Ieda)
Um maravilhoso mês de setembro, repleto de gotículas de orvalho!!!
Bjm de coração a coração pra VC...

http://espiritual-idade.blogspot.com/

Virginia Maria de Jesus Fassarella disse...

Sun, cada um de nós vê a morte de uma maneira diferente. Beijos.

Virginia Maria de Jesus Fassarella disse...

Sun, voltei para agradecer o seu carinho. Apesar da minha mãe se locomover sozinha à época do seu falecimento, não fazia mais nada. Era vítima de um AVC por 23 anos. Ela morava comigo, eu também cuidava dela. Foi um prazer conhecê-la. Beijos.

Gina disse...

Sun,
É a segunda vez que tento deixar um comentário aqui. Vamos ver se agora vai...
Através das cartas você nos passa seus conhecimentos sobre um tema muitas vezes tido como tabu.
Não querer encarar a realidade não é a melhor saída.
Hoje é um dia de reflexão e agradeço pela sua partilha.
Bjs.

Flora Maria disse...

Vim agradecer sua visita, neste texto muito interessante sobre a morte.

Morte não é o fim, e sim, término de uma fase.
Muito boa sua participação !
Beijo

RUTE disse...

Cá estou eu de novo!
Coincidência ou não, sabe que eu te coloquei na posição 13 da lista de participações? rsrssr só reparei agora :)

Muito completa sua abordagem de tarô sobre a Morte.
Gostei quando vc falou em estado transitório, proximidade do juizo final, fenômeno catalisador...

Até agora só encontrei participações falando de morte fisica. Mas aqui, você insinua as mortes em vida. Muito bom, alargar o âmbito da palavra.

Gostei muito da sua participação.
Trouxe diversidade à nossa coletiva.
Obrigada.
Beijos além-mar.
Rute

Bel Alves disse...

Oi, vim visitá-la pela blogagem coletiva e como sempre cada blog é uma surpresa e um novo conhecimento.A gente acaba conhecendo novas pessoas, fazendo novas amizades e trocando experiências.Gostei e fiquei!
Paz e bem

Denise Carreiro disse...

Enquanto estava lendo seu post, estava pensando nesse lado do novo, é preciso q o velho se vá para q o novo chegue. Portanto é necessário a morte de alguns aspectos de nossa vida, para q outros venham. São as necessidades de várias experiências para nos tornarmos melhores espiritualmente. Muita paz!