Pages

quarta-feira, 7 de julho de 2010

A traição do Carneiro contra Oya

A traição do Carneiro contra Oya


Olódúmarè : A mão que abençoa jamais pode amaldiçoar (Ogbè Ọ̀sá)

O texto a seguir foi retirado da tradição Cubana do Odù Ogbè Ọ̀sá. É um pataki sobre a traição do carneiro contra Oya, fato que definiu uma relação com abrangência sobre toda a religião.

O significado é muito rico e não se pode deixar de refletir sobre o seu conteúdo. Como toda metáfora, mais do que a estória que define a separação entre Oya e Carneiro, esse texto diz que uma mão que já abençoou uma outra jamais poderá amaldiçoar. Não se deve levantar a mão, ou acender uma vela que não seja para o bem de uma pessoa que o abençoou um dia. Isso define de uma forma muito definitiva a relação que deve existir entre pessoas nessa religião. É muito comum pessoas que foram muito ligadas se desentenderem e depois ficarem trocando insultos e feitiços.
Infelizmente essa é a grande ética que existe nos membros dessa religião. Contudo se a relação entre duas pessoas já foi maior do que apenas amizade se estamos lidando com filhos e padrinhos ou com filhos e babalorixás, então, jamais nem um nem outro deve levantar sua mão. Deixe para Olódúmarè resolver essa questão no julgamento dele.

Oya e o Carneiro foram uma vez os melhore amigos. Ela confiava a ele todo os seus pensamentos, seus medos e seus segredos. Até quando ela não tinha como contar com um Orixá, lá estava o Carneiro para ajudar e ela o amava acima de todas a coisas.

Os inimigos de Oya colocaram um prêmio por sua cabeça; Suas andanças pelo mundo causam problemas para eles e eles colocaram um prêmio por sua cabeça. O Carneiro ouviu rumores dos seus anseios, mas como a estória foi passando entre todos na terra, a estória mudou. O que o Carneiro ouviu foi que Olorun, ele mesmo, queria destruir Oya, e ele estava oferecendo o presente da imortalidade para aquele que a trouxesse ao seu palácio.

Em cobiça o Carneiro foi até Olorun e disse-lhe. "pai, eu tenho ouvido sobre seu ódio por Oya e eu posso trazê-la aqui para você. Eu posso enganá-la e você poderá ter a cabeça dela como você quiser".


Olorun ficou abalado. ele, também, tinha ouvido que Oya tinha grande inimigos que queriam a sua morte. Ele também tinha ouvida que entre todas as coisas sobre a face da terra a que ela mais amava era o carneiro. "- e como, Olorun perguntou, você será capaz de trazê-la para mim?".

"- É simples meu Pai", ele disse. " Oya confia em mim a sua vida, nós somos os melhores amigos que existe. Eu a trarei à você assim que você concordar em me dar o prêmio que ofereceu por ela" .

"- E o que poderia isso ser, carneiro?".

"- A vida eterna. Isto foi o que você prometeu, não é?"

Olorun ao ouvir isso ficou furioso, mas sua face estava calma. "- Carneiro, ele disse, traga Oya para mim e eu lhe darei o que deseja, vida eterna. Falhe e no lugar da cabeça de Oya eu irei ter a sua".

Ele dispensou o carneiro; tão logo o animal deixou seu palácio, Olorun transportou a si mesmo para a casa de Oya.

"- Oya, ele alertou-a, você tem muitos inimigos que desejam a sua cabeça. Mas, nenhum deles pode trair você como seu melhor amigo. O carneiro está vindo para entregar você nas mãos deles. Você não pode deixá-lo te destruir" .

"- Pai, ela disse desacreditando, certamente você está brincando. Ele é meu melhor amigo, aquele no qual eu acredito acima de todas as coisas".

"- Isto é verdade, Oya. Ele irá oferecer a você um lugar seguro e ao invés disso ele a trará até mim. Para, você ver, o carneiro acredita que eu quero a sua cabeça, e ele me veio hoje oferecer trazer você até mim. Em troca da sua cabeça ele quer a vida eterna".

A raiva soou como um sino dentro de Oya, tomando conta de si
e fazendo o seu sangue ferver. Olorun estava além da
mentira, mas o carneiro era o seu maior amigo. Ele sabia
todos os seus segredos. Os relâmpagos brilhavam em seus
olhos quando ela disse: "- Eu irei destruí-lo!".

"- Não Oya" ele a acalmou com sua voz gentil. "amigos jamais podem trair amigos e você não pode maldizer a quem um dia você abençoou. Quando o carneiro vir para trair você, você vá com ele. Mas antes coloque seus 9 ides de cobre em uma caixa. Assim que você chegar nos muros do meu palácio, sacuda a caixa vigorosamente e um enorme redemoinho ira descer do céu e tirar com segurança do caminho. Meus guardas irão prender o carneiro nos muros do palácio e eu mesmo irei puní-lo por esta traição. Ele sabe que o custo da falha e grande e eu mesmo irei tirar a sua cabeça com minhas mãos."

Olorun parou por um momento e então ele abraçou Oya. " Minha filha, os seres mortais fazem coisas estranhas devido a cobiça. Mas o carneiro sabe que você o ama. Talvez mesmo agora ele esteja repensando este seu plano vil. Talvez ele não venha. Talvez ela não trai você."

Ouve então ou ruidoso barulho na porta de Oya. "- É ele, disse Olorun, "Eu preciso ir", E sua figura se desmanchou no ar.

Oya abriu a porta, e o carneiro, agitado e desesperado por dentro, "Minha amiga", ele disse com sua voz embargada, " - seus inimigos estão vagando na floresta e são
muitos. Ele irão vir aqui para matar você. Venho comigo e eu irei levá-la a um lugar seguro".

Ela controlou sua raiva e rapidamente disse "- Eu preciso pegar uma coisa primeiro" .

" Não temos tempo!"

MAs antes que ele pudesse dizer mais alguma coisa Oya estava em seu quarto. Ela colocou nove idé de cobre em uma caixa, como Olorun disse e montou nas costas do carneiro. " Certamente isto não está acontecendo, ela pensou, talvez... o carneiro esteja me pegando para levar longe de Olorun". Em um instante o Carneiro estava correndo pela floresta com Oya nas suas costas. O caminho familiar não deixou dúvida para Oya e ela finalmente acreditou que ele a estava levando para Olorun. Os portões do palácio cresceram na frente deles e Oya como Olorun havia instruido, sacudiu a caixa vigorosamente. Um imenso tornado desceu e levou Oya com ele para os céus, longe da visão do carneiro. Ele congelou. Assim que o tornado se foi ele foi rodeado pelos guardas de Olorun que o trouxeram diante do trono.

CARNEIO, gritou o normalmente gentil Olorun, " Você se envolveu em grandes crimes hoje. Você buscou destruir sua melhor amiga, aquela que o amava acima de todas as coisas. Você pensou que eu queria a cabeça de Oya. Eu a amo asim como amo todas as minhas crianças na terra. Oya tem muitos inimigos, isto é verdade, mas nunca eu fui o seu inimigo. Eu jamais poderia trair aquilo que eu uma vez abençoei.

A ira de Olorun cresceu e encheu a enorme sala. " Pelo motivo de você estar desejando entregar uma de minhas mais amadas filhas nas mão frias da morte, eu sentencio você carneiro à morte. Sua cabeça é minha assim como todas a cabeças pertencem a mim. Eu irei tomar a sua cabeça agora!.

Eu foi assim que o carneiro encontrou a morte devido à sua traição a Oya. Sua cabeça foi enviada aos inimigos de Oya como um sinal de Olorun que ele mesmo jamais iruia tolerar
que qualquer coisa fosse feito à ela. Os inimigos de Oya fugiram e ela nunca mais foi traída novamente.

Desde esta traição, Oya jamais estará na mesma sala com o carneiro que foi uma vez o seu melhor amigo, seu confidente e tentou destruí-la. Por causa desta estória, os filhos de Oya jamais coroarão filhos de Yemanjá e Xango e também estes Orixás poderão coroar filhos de Oya. O motivo não é uma guerra entre eles, mas o fato deles comerem carneiro. Assim em qualquer sala que exista uma Oya não poderá haver um assento cujo Orixá tenha comido carneiro.

Além da parte da quizila com carneiro, podemos observar duas coisas que são comuns em filhas de Oya:

- arrumar inimigos com facilidade
- ser traída por pessoas de confiança.

Quarta-feira dia de Yansã/Oyá


Quem procura Oyá no vaivém do mercado
Vai e vê que ela anda de quitanda em quitanda
Mascando nacos de obi e vibrando vermelho Ilumina o céu
Na tarde escura, ressoa seu assovio terrível
Vento da morte na tarde de chuva
Vento que destelha a casa do traidor,
Que deixa a chuva inundar a cidade, que destrói,
Que mata.
Ilumina o céu na tarde escura
Brisa benfazeja que afasta as nuvens negras
Vento da vida na tarde de sol.
Vento que afasta a escuridão
Que devolve a luz do dia
Que encanta, que brilha.
Oyá, leopardo que come pimenta crua
Mulher de vestes vistosas.
Cabaça rara diante do marido
Epahei! O que Xango disser, Oyá saberá.
Ela entende o que Xango nem chegou a falar
E o que ele quiser, Oyá dirá
Epahei! Oyá árvores desarvora
Adeus morte Minha mãe da roupa de fogo.
Nada de mentiras para ti
Nada de mentiras para ti
As marcas na tua pele calam o feiticeiro
Oyá o! Mulher neblina no ar.
Oyá , leopardo que come pimenta crua
Grande mãe.Iyá ó.